segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Trecho da letra África Mãe, escrita pelo Thaíde



Por muito tempo seguimos o mesmo caminho.
Lembranças tristes, senzala, casarão, pelourinho...
O senhor branco, sempre rejeitando seu filho negrinho, mulato, moreno, escurinho...
Mesmo sendo a maioria, na hora do castigo estava sozinho.
Até a hora em que fugiram pro quilombo
Cansados de serem chicoteados, amarrados no tronco
Cansados de não pensar em briga, formaram o exército da Serra da Barriga.
Mas, se liga.
A coisa não mudou muito e a parada é daqui pra frente.
Tirando a corrente e o tronco, a situação não é muito diferente.
O que era quilombo hoje é chamado favela!
O conceito de igualdade para o povo já era.
A polícia mata de um lado, o governo bate de outro
E a gente sempre acorda com a corda no pescoço...
Mas peraí seu moço, pra que o desespero?
O giz é branco, mas não se ensina nada sem o quadro negro.
A alta sociedade, está por baixo
Porque quem sempre esteve por baixo, hoje está por cima
Se aprimorando, se formando, mandando sua rima.
Eu não sei tudo mas tudo o que sei é verdadeiro
E sei que vovó não quer casca de coco no terreiro
Pra não lembrar dos tempos de cativeiro
Mas aí, se engana quem pensa que eu quero vingança.
Eu quero seguir em frente com meu povo, pois Deus é a única liderança!
Aqui quem fala é Thaíde, sinônimo de esperança.