quarta-feira, 26 de maio de 2010

Nóia, o antes e o depois

Até hoje, por eu estar envolvido direta ou indiretamente com o rap, muita gente ainda acha que eu tenha algum envolvimento com o crime ou seja usuário de drogas. Infelizmente, a maioria dos que se dizem “do rap” tão na vida loka. Pra mim, cada um, cada um. Ninguém é obrigado a fazer o que não quer. Desde criança, sempre associei o termo “drogas”a coisas ruins. Meu pai sempre me falou que usar drogas não era bom. Então, que lógica teria eu fazer uso de algo que mais tarde poderia me dar prejuízo? Só se eu fosse burro, mesmo. Lembro que, quando eu ainda tinha 14 anos, vários de meus amigos que fumavam maconha já tinham roubado, batido no pai ou na mãe, apanhado da polícia, sido internados na FEBÉM e até morrido. Eu ficava chapado de tabela, quando estava ao lado deles, mas nunca topei fazer fita ou dar uns “pega” na danada (acreditem, nunca fiz uso de drogas ilícitas, além de lança-perfume, é claro). Eles eram os mais temidos (não confunda medo com respeito, é diferente), tinham mais amigos e as minas mais bonitas, sempre estavam a disposição deles. Eu, todo caretão, não tinha os mesmos privilégios, mas também não perdia em nada. Talvez por eu nunca ter experimentado, drogas nunca me fizeram falta

20 anos se passaram (já estamos em 2010). Poucos daqueles que se drogavam há 20 anos conseguiram superar o vício. Poucos conseguiram constituir família e hoje tem uma profissão digna. Outros, dos que ainda não morreram, ainda vivem na dependência do álcool e do crack; enquanto muitos estão presos, internados em clínicas psiquiátricas ou dando trabalho pra família. Você deve estar perguntando, “e as mina”? Daquelas lindas que se aventuravam no crime com eles, muitas delas estão cuidando dos filhos sozinhas, algumas ainda se vendem para alimentar o vício e outras, por motivos diversos, estão presas.

É, meu pai tinha mesmo razão. Drogas faz mal. Se fosse coisa boa, não tinha esse nome. Mas antes, só se afundava no vício das drogas quem quisesse. Hoje, no crack, mesmo não querendo, muita gente só consegue sair quando morre. Ta sendo a mais destrutível, popularmente falando. Mas esse assunto vai ficar pra outra matéria.

Escrevi essa letra alguns dias depois que a Cássia Eller morreu. A letra é do começo de 2002. Baixa aí e ouve: http://www.4shared.com/audio/RmevBCCg/20_De_-_Fim_de_Carreira.html